Your browser doesn't support javascript.
loading
Mostrar: 20 | 50 | 100
Resultados 1 - 4 de 4
Filtrar
1.
Saúde Soc ; 32(1): e220541pt, 2023.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1450430

RESUMO

Resumo Passados mais de quatro anos da epidemia de Zika vírus, tem-se a tarefa de continuar a investigar o seu legado. Aqui, descreve-se o impacto da associação causal entre o Zika vírus e as alterações observadas em fetos e bebês, uma busca que marcou a pauta dos cientistas e da imprensa entre 2015 e 2017. Por meio dos estudos Sociais de Ciência e Tecnologia, que vê o fato científico como coproduzido pela ciência e pela sociedade, realizamos 17 entrevistas semiestruturadas entre cientistas, gestores, professionais de saúde e famílias de crianças em oito cidades brasileiras. Vê-se que a causalidade teve impacto parcial e dúbio na organização dos serviços - com a sobreposição entre vigilância e atenção, gerando, inicialmente, assimetrias no Sistema Único de Saúde. Entre as famílias e profissionais de saúde, nota-se demandas por pesquisas de intervenções e de cuidado, consideradas como não sendo prioridade entre os cientistas. Já entre os pesquisadores, observa-se distanciamento entre estudo e enfrentamento, com o social sendo constituído por demandas não integradas ao campo científico. Para que demandas sociais encontrem fluxo no fazer científico, sugere-se para crises futuras de saúde pública a multiplicação do número de perguntas da ciência e a maior diversidade dos desenhos de pesquisa.


Abstract More than four years after the Zika virus epidemic, we are left with the task of investigating its legacy. Here, we describe the impact of the causal association between the Zika virus and the abnormalities seen in fetuses, a search that marked the scientific and press agenda at the time. By using the Social Studies of Science and Technology, which establishes the scientific fact as co-produced by science and society, we carried out 17 semi-structured interviews between scientists, managers, health professionals and families of the children in eight Brazilian cities. We observed that causality had a partial and dubious impact on the organization of services - with the overlap between surveillance and care initially generating asymmetries in the Brazilian Unified Health System. Between families and health professionals, there are demands for research on interventions and care, considered as not being prioritized among scientists. Among the researchers, we notice a gap between study and coping, with the social being constituted by demands that are not integrated into the scientific field. For future public health crises, we point to multiplying the number of research questions and study designs, so that social demands find flow in scientific doing.


Assuntos
Ciência, Tecnologia e Sociedade
2.
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.) ; 27(8): 3171-3180, ago. 2022.
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1384470

RESUMO

Resumo Um aumento de más-formações em crianças em 2015 no Brasil é associado ao vírus Zika que circulara meses antes, deixando disputas que ainda possui ecos. Usando elementos de um campo das ciências sociais que se dedica ao mapeamento de controvérsias científicas, este trabalho realizou 15 entrevistas semiestruturadas com pesquisadores e gestores envolvidos na associação causal. Investigou-se como esses atores observam o papel de condicionantes sociais no desfecho da Síndrome Congênita por Vírus Zika (SCZ) e os caminhos trilhados para mitigá-los após a epidemia. Há uma preocupação de todos com variáveis sociais e sua relevância no desfecho da SCZ, com uma decepção generalizada sobre o encaminhamento dessas questões após o pico de casos, mas esses fatores não entraram em uma narrativa mais central sobre a causalidade. Nota-se também disputas epistêmicas sobre esse desfecho. Uns atrelam à responsabilidade ao poder público ou se resignam com o resultado; outros cobram posturas ativas de pesquisadores que participaram de centros do poder, com divergências sobre o posicionamento da ciência. O artigo pontua a necessidade de ciências reflexivas que atentem para sua agência no mundo, bem como para articulações de narrativas interdisciplinares e multicausais para crises de saúde pública no Brasil.


Abstract An increase in child malformations in 2015 in Brazil is associated with a Zika virus spread months earlier, leaving disputes that still echo. Using elements from a sociology field dedicated to scientific controversy mapping, the present study conducted 15 semi-structured interviews with researchers and administrators involved in this causal association. Our work investigated how actors from different areas observe the role of social conditions in the outcome of the Congenital Zika Syndrome (SCZ) and the paths taken to mitigate them after the epidemic. Concern with social variables and their relevance in the SCZ outcome was observed, with a widespread disappointment about the referral of these issues after the case's peak; however, these factors have not entered the core narrative about causality. There are epistemic disputes about this outcome. Some attach responsibility to the public power or resign themselves to the result; others demand more active positions from researchers who had access to the decision-making process, with disagreements about the positioning of science. The article points out the need for reflective sciences that dialogue with their agency on the phenomena, as well as for interdisciplinary and multicausal articulations for public narratives on public health crises in Brazil.

3.
São Paulo; s.n; 2021. 420 p.
Tese em Português | LILACS | ID: biblio-1291425

RESUMO

Introdução ­ Um vírus recém-chegado ao Brasil, o Zika, é tido como causa do aumento de más-formações congênitas em 2016 com evidências consideradas frágeis (correlação temporal, análises laboratoriais e estudos de caso). Objetivo ­ Analisa-se dissensos e consensos em torno da causalidade Zika-microcefalia entre 2015 e 2017 no Brasil, com o intuito de entender o porquê das disputas, reconstruir a narrativa a partir de atores diversos e investigar seu impacto. Métodos ­ Com metodologia inspirada na Teoria Ator-Rede e no mapeamento de controvérsias ­ em que se seguem conexões diversas a partir do entendimento de que evidências científicas são coproduzidas por ciência e sociedade, humanos e não humanos ­ foram feitas 50 entrevistas e uma roda de conversa com 13 mães em 8 estados brasileiros: Bahia (Salvador), Brasília (Distrito Federal), Pará (Ananindeua e Belém), Paraíba (Campina Grande), Pernambuco (Recife), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (Natal) e São Paulo (Jundiaí, São Paulo e Campinas), além de visitas a instituições como a Fiocruz e universidades. Resultados ­ Como contribuição principal, a análise propõe que a explicação para as más-formações foi apresentada à narrativa pública com uma perspectiva unicausal atrelada ao Zika vírus ­ como uma hipótese-fato e não uma hipótese-pergunta ­ apesar de evidências multicausais e de cofatores associados ao desfecho. O trabalho denomina a narrativa da causalidade das anomalias observadas entre 2015 e 2017 como uma causa constrita de efeito cosmológico, em que a relação "A (Zika), logo B (Microcefalia)" é transladada como um problema central no fenômeno, sobrepondo-se a outras hipóteses multicausais e necessidades de estudos científicos para outros objetos ­ como intervenções em crianças e determinantes sociais. A análise destaca que, embora evidências epidemiológicas apontem para diferenças de risco no território brasileiro, a pergunta sobre a possibilidade de cofatores não deflagrou a mesma mobilização que a procura do agente etiológico. Atravessada por discussões globais e um modelo padrão de governança de risco, a controvérsia foi estabilizada por uma aliança cientistasimprensa- gestores, com a mobilização de uma ontologia única e purificada de não humanos ­ e não porque acabaram-se as perguntas ­, o que invisibilizou dinâmicas locais. Nota-se que a opção pela simplicidade do discurso teve por base um modelo deficitário e pouco participativo de divulgação pública, que reforça a unicausalidade e atrela o Zika à ontologia da dengue, com consequências para a prevenção e para a própria ciência, que experimenta os efeitos recursivos da narrativa proposta. Apontase que cientistas têm preocupações sociais, mas pouca reflexividade sobre sua agência para além da produção de evidências. Conclusões ­ Considera-se a necessidade de discursos multicausais de epidemias na narrativa pública brasileira, vindos de cientistas e de instituições de pesquisa centrais, de modo a conferir variadas vias de ação de enfrentamento, bem como a formulação de perguntas científicas reflexivas e dinâmicas com capacidade de refazer hipóteses a partir da produção de novas evidências ao longo do tempo.


Introduction ­ A virus then newly arrived in Brazil, Zika, is believed to be the cause of an increase in congenital malformations in 2016 with evidence considered fragile for a causal relationship (temporal correlation, laboratory analyses and case studies). Purpose ­ This work analyzes dissents and consensuses around the causality link between Zika and microcephaly from 2015 to 2017 in Brazil, with the aim of understanding the reasons for the disputes, reconstructing the narrative through different actors and investigating its impact. Methods ­ With a methodology inspired by Actor-Network Theory and controversy mapping ­ in which the researcher follows connections based on the comprehension that scientific evidence is co-produced by science and society, human and non-human ­ data was collected through 50 interviews and a conversation circle (13 mothers), in 8 Brazilian states: Bahia (Salvador), Brasília (Distrito Federal), Pará (Ananindeua e Belém), Paraíba (Campina Grande), Pernambuco (Recife), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (Natal) and São Paulo (Jundiaí, São Paulo and Campinas), in addition to visits to institutions such as Fiocruz and universities. Results ­ As a main contribution, the analysis proposes the explanation for malformations was presented to the public narrative as an unicausal perspective linked to Zika virus ­ as a hypothesis-fact and not a hypothesis-question ­ despite multi-causal evidence and cofactors associated with the outcome. The work describes the causality narrative of anomalies observed between 2015 and 2017 as a constricted cause of cosmological effect, in which the relationship "A (Zika), then B (Microcephaly)" is translated as a central problem, surpassing other multicausal hypotheses and the needs for scientific studies for other objects, such as interventions in children and social determinants. The analysis highlights that although epidemiological evidence points to differences in risk across the Brazilian territory, the question about the possibility of cofactors did not trigger the same mobilization as the search for the etiological agent. Traversed by global discussions and a standard risk governance model, the controversy was stabilized by a scientists-press-managers alliance, with the mobilization of a single, purified ontology of non-humans ­ and not because the questions were over ­, which made local dynamics invisible. It is noted that the option for discourse simplicity was based on a deficient participatory model of public disclosure, which reinforces the unicausality and links Zika to the dengue ontology, with consequences for prevention and for science itself, which experiences the recursive effects of the proposed narrative. It is pointed out that scientists have social concerns, but little reflexivity concerning their agency beyond evidence production. Conclusions ­ The need for multi-causal epidemic discourses in the Brazilian public narrative is considered, coming from scientists and central research institutions, in order to allow for diverse coping strategies, as well as the formulation of reflexive and dynamic scientific questions with the capacity to remodel their hypotheses based on new evidence over time.


Assuntos
Sociologia , Dissidências e Disputas , Epidemias , Determinantes Sociais da Saúde , Zika virus , Microcefalia
4.
Saúde Soc ; 29(3): e190856, 2020. tab
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1127376

RESUMO

Resumo O objetivo deste trabalho é analisar o autocultivo de Cannabis para fins medicinais no Brasil, avaliando em que medida a prática poderia ser enquadrada como uma tecnologia social, na formulação de Renato Dagnino. Com base em dados coletados em trabalho de campo (entrevistas semiestruturadas) em dois centros urbanos no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro) e de uma participante nos Estados Unidos, identificam-se características dessas práticas que as aproximam de uma tecnologia social, como a adaptação a pequena escala, o atendimento a demandas sociais por meio de trabalho cognitivo, a participação ativa de produtores e usuários em seu desenvolvimento, e a ausência de diferenciação entre patrão e empregado. Pondera-se, entretanto, que a noção de tecnologia social está bastante ligada a um objetivo de transformação do setor produtivo, o que talvez limite a aplicação desse conceito em situações de produção não-comercial, para atendimento de necessidades diretas; e que a consideração dos riscos na produção de medicamentos talvez torne pouco aconselhável a generalização de práticas caseiras como a do autocultivo. Propõe-se que essa situação poderia ser remediada com o emprego de estratégias de ciência aberta e cidadã, envolvendo o diálogo com instituições públicas do campo tecnológico e científico.


Abstract The objective of this study is to analyze Cannabis self-cultivation for medicinal purposes in Brazil, evaluating to what extent the practice may fit into the framework of what Renato Dagnino termed a social technology. Based on data collected during fieldwork (semi-structured interviews) carried out in two Brazilian urban centers (São Paulo and Rio de Janeiro) and from a participant in the United States, we identified characteristics of these practices that make them akin to a social technology: adaptation to small-scale production, use of cognitive labor to meet social demands, active participation of producers and users in the practice's development, and lack of differentiation between boss and employee. It is worth noting, however, that the notion of social technology is closely linked to the objective of transforming the productive sector. This may limit the application of this concept to non-commercial production aimed at satisfying direct needs. Moreover, given the risks involved in the production of medicines, the generalization of homemade practices such as self-cultivation may not be advisable. These issues could be remedied by the use of open, democratic and citizen-oriented scientific strategies, involving dialogue with public institutions in the technological and scientific field.


Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Maconha Medicinal , Tecnologia Culturalmente Apropriada , Uso da Maconha/terapia
SELEÇÃO DE REFERÊNCIAS
DETALHE DA PESQUISA